A direita odeia o FHC porque ele construiu o estado social. Os princípios da Constituição não se sustentariam sem um aporte fiscal. A carga tributária aumentou 5% do PIB entre 1994-2003 pra financiar o SUS e outros alicerces do estado social. Ele também foi o primeiro presidente a colocar no centro do debate pautas liberais-progressistas como o casamento igualitário e a avançar no reconhecimento da chaga histórica do preconceito contra os negros no Brasil. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos (hoje ministério) e o Programa Nacional dos Direitos Humanos (que defendia o casamento gay explicitamente), foram criados no governo dele. A esquerda odeia o FHC porque ele consolidou a economia de mercado no Brasil. Ele foi o Ministro que deu a chancela política ao plano de estabilização que acabou com a hiperinflação no país - e que levou ele a ser o único presidente eleito e re-eleito em primeiro turno na história da Nova República. Sem a estabilidade, seria impossível planejar política pública. Ainda assim, em 1994 e 1998, o PT ainda fazia campanha contra o Real. Ele também criou o sistema de transferência condicional de renda, com o Bolsa Escola, o Vale Gás e o Cadastro Único, que unificaria todos os programas num único plástico chamado de "Bolsa Família". Boa parte da esquerda chamava esses programas de "neoliberais" vindo da cabeça de "deiloides", já que faziam inclusão focalizada via mercado. No fim, dada a compação recente que temos, eu aposto que a História vai ser generosa com FHC. Um presidente que soube se livrar das suas próprias amarras ideológicas para trazer o Brasil para a modernidade das democracias liberais de mercado, buscando inclusão social e redução da pobreza.

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