Estávamos nos anos 90 e eu era uma adolescente quando a vi. Cabelo castanho pelos ombros, corte simples a combinar com a roupa clássica de bom gosto. Mas o que recordo melhor é a voz, calma, sem hesitações, concisa. Estava na televisão, a ser entrevistada. Do outro lado, o jornalista perguntava o que era ser uma mulher trans naquele Portugal que já não era cinzento mas ainda oscilava entre a penumbra e dias mais radiosos. De tudo guardei uma resposta, à pergunta se sentia problemas no quotidiano, respondeu que às vezes acontecia dirigir-se a um balcão para tratar de algum assunto e que só então, ao apresentar os documentos e o nome masculino surgir, era inevitável alguns olhares de surpresa mas que sempre tinha contado com a descrição e compreensão de quem estava do outro lado. Tinha um companheiro, uma profissão, e a vida fluía mesmo que tanto houvesse ainda por ser conquistado, por isso era importante dar o seu testemunho. E, de facto, muito mudou desde então, desde a penumbra aos direitos plenos, a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e, por fim, a maior conquista, o assunto já não ser assunto. Mas quando chegámos a esse ponto foi, inesperadamente, quando começaram os problemas. Esvaziadas da sua luta, as organizações LGBT e os partidos de esquerda, não se adaptaram e evoluíram, e para continuar a lutar e a crescer optaram por extremar-se. A cultura woke suporta a ideia que a sociedade é sistematicamente opressiva em relação a certos grupos supostamente marginalizados e que a única forma de combater a opressão é derrubar as instituições e reestruturar de acordo com as suas doutrinas. Não existindo a opressão, é necessário criar tensão e dar corpo ao monstro. E começaram os fenómenos. As palavras que já não podiam ser utilizadas e a imposição de novas a adoptar. Os cancelamentos culturais e políticos. O uso de pronomes de género neutro. As casas de banho mistas. A doutrinação no meio académico que se estendeu às escolas. O apoio e divulgação massiva da disforia de género e consequentes operações e tratamentos para adolescentes. A lista é extensa. A luta justa por direitos converteu-se numa guerrilha assente em fanatismo e num aglomerado de causas, das alterações climáticas à suposta libertação da Palestina. E para financiar e potenciar o apoio, foi preciso alimentar o monstro ao ponto de subverter na ideologia todos os seus princípios fundadores. O movimento que lutava pelos direitos iguais para os gays, defende hoje organizações terroristas que não só não os reconhecem como os matam. Para que a minoria trans singre, sacrificaram as mulheres e agora temos homens a competir em todas as áreas do desporto numa subversão e recuo de décadas de luta e direitos duramente conquistados. Dizem que é uma luta entre a esquerda e a direita. Mas eu que sempre fui de direita e a favor de plenos direitos para a comunidade LGBT, não só não reconheço a legitimidade dos movimentos actuais como se me afiguram como o inferno na terra sendo mulher. Não fui eu que mudei, mudou o mundo e a luta é entre a luz e as trevas.

"Ao ajudar a Ucrânia a defender-se arriscamos uma Guerra Nuclear?" Quem sabe que vivi na Ucrânia e que mantenho laços familiares e amizades naquele País que visitei todos os anos entre 2012 e 2022 pergunta-mo frequentemente. (1/9)

Mas afinal, de quem foi a culpa dos Pogroms antissemitas em Amsterdão? Vamos lá fazer um fiozinho 🧵 a combater a propaganda antissemita que o Irão (como sempre) já fez questão de financiar:

O sentimento que leva alguns imigrantes a votar em Trump é o mesmo sentimento que temos quando entramos no metro em hora de ponta: “eu ja me safei agora fechem esta merda senão não temos espaço”