A resistência de Schmidt, João Mário e os “anti-sistema”. Carreras fez o melhor jogo de um lateral-esquerdo desde outro espanhol. Pedro Gonçalves e o traço do Sporting: marcar muito, tremer atrás. O corredor central de Vítor Bruno e de Rui Borges.
Os adeptos da Atalanta que iriam a Valência abdicaram do dinheiro do reembolso (cerca de 40 mil euros) e doaram-no a um hospital de Bérgamo para combater o coronavírus. Grande, grande acção.
Para repetir o que se fez em 2016, era preciso saber o que se fez em 2016. Não é por se meter médios defensivos ou centrais que se evita sofrer golos. Este jogo é a maior demonstração de incompetência (com cobardia à mistura) que já vi de um seleccionador nacional. Com simpatia.
Eliminaram Real Madrid e Juventus só e apenas pela qualidade do futebol. Substituíram adjectivos menos positivos por beleza e coragem. E conseguiram o melhor de tudo: divertir quem os viu jogar. O exemplar Ajax de 2019 será lembrado e tem um campeonato para ganhar.
Estamos em plena eliminatória de Taça de Portugal, há um Porto x Benfica e quase só se fala de jogos de bastidores e da eventual saída de um treinador. Portugal não é um país de futebol, é um país que se alimenta de circo futebolístico.
Não acredito que Martínez sinta que Vitinha devia ser o primeiro a sair e que Leão tinha de dar lugar a Conceição à esquerda. Isso apenas demonstra fraqueza para tomar decisões a pensar na equipa. Entrega tudo aos jogadores, com o efeito que se vê. Está acima de qualquer táctica.
Não há desculpa para o que está a acontecer, nem no campo nem no banco. O nível de descontrolo táctico e emocional não é digno de uma equipa como a de Portugal. Martínez pode puxar o que quiser, na conferência, mas isto não é feira de vaidades. Salva-se Cancelo, ofensivamente.
Portugal, nas últimas competições, saiu com Uruguai, Bélgica e Marrocos. Cair nos penáltis contra a França não é, de todo, uma mancha. Percebe-se que o tecto máximo desta geração não foi atingido (Euro brilhante de Nuno Mendes e Vitinha). O óbvio ficou à vista de quem quis ver.
Parabéns a quem estragou a carreira de um dos maiores talentos do futebol, que jogava de olhos fechados com Messi. Não consegue fazer meia dúzia de jogos seguidos.
O problema não é o César Mourão ter a opinião que tem. Acho um absurdo, mas tudo certo. O problema é haver sempre quem convide figuras aleatórias para comentar futebol em espaço público. O problema é o disparate, em muitos casos, interessar mais do que a credibilidade. Siga.
Vejo muito futebol e de todo o mundo. Confesso que não me lembro de nada semelhante à colocação de um central como ponta-de-lança com meia hora para jogar.
Johan Cruijff esteve em Portugal no Euro 2004. Sem saber bem quem era, vi outros entusiasmados e pedi um autógrafo na bola que tinha comigo. Devia guardar o objecto religiosamente. Mas não: quem quiser uma bola autografada por Cruijff só precisa de ir ao telhado da minha escola.
Há exibições imprevisíveis, como a de Adán. Todo o historial impede um treinador de antecipar aquilo. Outra coisa é insistir numa opção anti-competitiva e com um passado recheado de erros graves. Não é por Amorim proteger Esgaio que melhorará o jogador. Deve proteger o Sporting.
Schmidt precisou de muita habilidade para deixar Di María e Rafa em campo, sacrificando Neres. O Benfica só atacava pela esquerda e o brasileiro tinha acabado de criar dois lances de perigo. Um resumo da época. Aqui, o treinador alemão ajudaria mais a equipa se ficasse quieto.
Jesus só venceu um clássico desde que regressou a Portugal e foi contra o Sporting já campeão. Está mesmo muito longe de Rúben Amorim e Sérgio Conceição na construção do modelo, na organização colectiva (caos defensivo) e na preparação estratégica. No que antes o distinguia.
Gustavo Sauer é um argumento de peso para o trio de ataque do Botafogo (partindo da direita, preferencialmente). Desequilibra em condução e tem uma precisão técnica notável, fazendo a diferença pela facilidade/potência de remate. Está no ponto para se destacar no Brasileirão.
1-0, jogo para segurar no fim e depois de o Porto vencer. Lançar Dário Essugo, com 16 anos acabados de fazer, é a maior prova de confiança possível. Serve de exemplo para os jovens que querem chegar à primeira equipa. Amorim deu um pontapé na mentalidade do futebol português.
Governo proíbe o uso de material pirotécnico dentro e fora dos recintos desportivos, passa a ser crime.
Caso sejam utilizados no exterior, os adeptos podem ser impedidos de entrar nos estádios.
Faz a gestão natural nalgumas posições, tudo certo. Mais difícil aceitar a titularidade de Ronaldo em dois jogos. Não o afastar é uma coisa, arrastar o estatuto de indiscutível é outra. Pode marcar três ao Luxemburgo, mas está no Al Nassr, chegará a 2024 com 39 anos e há Ramos.
É preciso fazer justiça a Fernando Santos, desta vez. Dalot (muito forte neste movimento) e Guerreiro, neste Mundial, estão acima de Cancelo. Jogam. Fazia falta experimentar outra coisa no ataque. Ramos sai como aposta ganha. Chapeau ao seleccionador por ver além do estatuto.
É dramático o que acontece com o futebol português na Conference League. E, se há alguns casos de incapacidade competitiva face a clubes de outra dimensão, não dá para usar esse argumento como justificação para o afastamento do Vitória. Só mesmo falta de competência e ambição.
Paulo Sousa ganhou tacticamente o duelo com Ceni. O desenho da pressão foi fundamental para limitar as saídas do São Paulo e forçar erros. Éverton Ribeiro, saindo muitas vezes da meia direita para aparecer na esquerda, desestabilizou as marcações individuais do adversário.
Estou à espera da conferência de imprensa do presidente do Villa Athletic Club, figura patrocinada por marcas enormes que insistem em associar-se a quem não percebe nem gosta de futebol. E pior: decidiu brincar com quem gosta. Bela figura dos envolvidos e dos patrocinadores.
Bragança fez um Bryan Ruiz e Catamo um Liedson. O caso do moçambicano é raríssimo, porque passa de quase desconhecido (já tem 23 anos) para figura imediata no Sporting. Israel também merece destaque pela defesa brutal ao remate de Di María. Coates liderou em dois dérbis seguidos.
Sugestão: poupem trabalho ao pessoal e digam logo que não há conferência de imprensa. Ler os convocados e sair, já que não há vontade de responder a pergunta nenhuma.
Uau. Klopp era um dos poucos (talvez o único) que conseguiria fazer tudo o que conseguiu no Liverpool. O lado humano não se compra e a competência técnica, em Anfield, poderia ser insuficiente. Saia ou não campeão, deixa os reds como um clube estável e em trajectória ascendente.
Isto é extraordinário. Patrícia Sampaio só perdeu com a número 1 do ranking mundial e venceu a medalha de bronze com uma série de combates praticamente perfeita. Só não atacou primeiro contra a italiana. Merece todos os elogios.
Muito boa a ideia de quem decidiu convidar e de quem decidiu aceitar a presença de um jogador de futebol num programa de televisão. De vez em quando, convém dar a entender que são humanos como os outros.
Diz-se que Amorim, enquanto treinador, não teve uma crise destas. É verdade. Mas importa perceber os motivos que provocaram esta crise e se é possível dar a volta por cima.
Isto não é só ser campeão, é ser campeão com estilo. Uma equipa encantadora, um líder que se entregou de corpo e alma à cidade e ao clube e dois craques em Osimhen e Kvaratskhelia. Fica a nota: Hamsik, Mertens, Insigne e Koulibaly. Também mereciam isto.
Mourinho não precisa de um PSG. Precisa de uma Roma. É esse o tipo de clube que lhe assenta na perfeição. Como nos melhores trabalhos, criou uma fortaleza em casa e sabe gerir eliminatórias a 100%. Abraham ajudou, mas a entrada de Dybala é qualquer coisa especial. Puro talento.
Tenho visto opiniões de que a apresentação de Dybala foi excessiva, que o coloca num patamar superior ao da equipa e que ainda não deu nada ao clube. Futebol é esperança. Dybala traz esperança. Se não houver isso, nem que seja por momentos, não serve para nada.
O futebol ganhou popularidade por permitir a evasão dos problemas do quotidiano. Trabalhar durante a semana a pensar no jogo e viver os 90 minutos ao fim-de-semana. Sonhar que os pequenos podiam ser grandes e que os heróis podiam ser os mais improváveis. Um campo de superação.
Isto não é questão de estilo, se é ofensivo ou defensivo, se é bonito ou feio. É uma questão de ausência de trabalho táctico minimamente competente e de uma ideia colectiva que dê conforto aos jogadores. Talvez este jogo tenha definido novos mínimos exibicionais. Inqualificável.
A concorrência é forte e joga em clubes melhores, mas Ricardo Pereira fez uma época brutal no Leicester e merecia muito ir à selecção. Falta algum estatuto para haver recompensa.
Era necessário um super jogo da linha defensiva de Portugal e está a ser exactamente assim. A determinação em acções decisivas já evitou golos certos. Rúben Dias e Nuno Mendes (candidata-se a melhor exibição da carreira) de seguida. Maignan fez o mesmo, no outro lado.
Sabemos que é outra modalidade quando, com um 2-2 que podia adiar tudo, a prioridade das equipas é acelerar e atacar a baliza do adversário. Guardiola e Klopp são rivais, mas são rivais que tornam o futebol melhor e mais bonito. Não se querem anular.
Imaginem o difícil que é ser Liverpool/Klopp em 21/22. Faz uma Premier League brutal e perde-a com uma reviravolta do adversário em meia dúzia de minutos. Perde ainda a final da Champions (mais uma, no caso do alemão) com uma exibição surreal do guarda-redes contrário. Respeito.
Se for verdade, é um dos casos com melhor gestão recente por parte do Sporting. “Forçou” a renovação de contrato, deu primeira equipa/estatuto a um jogador com limitações óbvias e aproveita o factor idade para fazer um encaixe significativo pela terceira opção do plantel.
EXCL: Everton reached an agreement in principle with Sporting to sign Youssef Chermiti as new striker 🚨🔵🇵🇹
#EFC
Deal in place between clubs — verbally agreed in the recent hours for 2004 born striker to join PL side.
É uma lição táctica num dérbi/clássico como não se via há muitos anos no futebol português. Se isto não fizer reflectir Jorge Jesus sobre a forma como defende, sobre o perfil de jogador que escolhe para o ataque, nada fará. Quis jogar à apanhada, Amorim passou-lhe ao lado.
Em Alvalade, o Sporting não venceu Porto, Benfica e Braga. Em momentos diferentes, por razões diferentes, mas são jogos que pesam muito na luta pelo título. No caso do dérbi, Paulinho falou de um domínio (pela posse de bola) que não existiu. Jogou-se como o adversário quis.
O que Pepe fez no Euro, com toda a dificuldade, não significa que pudesse jogar ao mais alto nível durante a próxima época. Aliás, a última já revelou a quebra. Soube sair inteligentemente, com uma exibição que o distingue enquanto central de referência nos últimos quinze anos.
A Atalanta já se destaca de quase todos porque pensa em atacar, atacar, atacar, atacar, atacar. Contra qualquer um, chame-se Juventus ou Brescia. E isto é raro, bonito, puro e mostra um incrível respeito pelo jogo e pelo adepto. A recompensa está aí. Todos querem vê-los jogar.
Roberto Martínez não é um treinador incompetente e justifica o benefício da dúvida, mas a desconfiança surge porque se entende que não é uma escolha natural para os jogadores disponíveis, porque vem de um fracasso recente e porque se sabe que não foi a primeira ou segunda opção.
Só mais uma grande exibição de William Carvalho pela selecção nacional. Com bola foi fantástico, mas também a defender deu uma contribuição importante. Já era altura de o valorizar a sério.
Fábio Vieira, por talento e perfil, era o jogador que podia atingir valores mais altos em Portugal. Isso pesa na avaliação da venda. É uma jogada de antecipação do Arsenal, antes que o médio brilhe na Champions ou até pela selecção portuguesa. Sai do Porto sem cumprir tudo.
O Flamengo não está em vantagem, mas foram os melhores 45 minutos da era Paulo Sousa. Conquistou facilmente espaço entre linhas (Éverton Ribeiro com protagonismo), ameaçou em contra-ataque e a transição defensiva não permitiu grandes hipóteses ao Palmeiras (Thiago Maia/centrais).
A Roma não disputava uma final europeia desde 1991 e o Feyenoord desde 2002. Certamente os adeptos dos dois clubes não estão nada chateados por irem à final da Conference League.
Coates é o jogador que melhor representa este Sporting e continua a transcender-se em contextos adversos. Vai sendo fundamental nas duas áreas. Nesta altura, fica curto considerá-lo apenas a principal figura da equipa de Amorim. É um fortíssimo candidato a jogador da liga.
Ronaldo começou a carreira como extremo puro e só aprimorou as qualidades de finalizador depois de uns anos em Inglaterra. 7 em cada 10 partilhas no Twitter são números à toa e frases sem contexto.
O que foi feito pelo Geirinhas com políticos também podia ser feito com jogadores de futebol. Há alguns conteúdos, quase sempre de produção própria, para não haver deslizes. Preferimos alimentar a ideia de que os jogadores são robôs sem vida, cujo propósito é servir os adeptos.
Não é difícil, para mim, chegar a esta fase e viver de conteúdo, sem incendiar. A dificuldade foi construir comunidade só pelo conteúdo. Leva tempo. Posto isto, obrigado a quem segue desde sempre e sejam bem-vindos os mais recentes. Já sabem com o que contar.
TOMÁS DA CUNHA
Um dos melhores comentadores desportivos que temos. Uma das pessoas com uma comunidade mais fiel nas redes sociais (+ 25 mil no Twitter e 3 mil assinaram a newsletter no Mundial com uma taxa de abertura de 50%)
Desculpem, mas Ronaldo vai estragar toda a imagem que construiu em Old Trafford para jogar no Man City? E Guardiola quer um super craque em final de carreira e que estará acima da equipa, obrigando a adaptações constantes? Só estranho.
Passando ou não, o valor que Schmidt atribui ao plantel está neste jogo do Vélodrome. Fez três substituições em 120 minutos nuns quartos-de-final de Liga Europa. Não tentou ir para cima de um Marselha para lá dos limites. Havia opções.
O Athletic Bilbao está a jogar com um guarda-redes de 21 anos (Unai Simón) e com centrais de 19 (Peru Nolaskoain, que já marcou) e 23 anos (Yeray Álvarez, o herói que venceu um cancro). Como não considerar este clube...
Fechar um jogador com esta projecção, em Maio, é muito significativo sobre a evolução do Sporting no planeamento. Fica a certeza de que a ideia passará por vender Diomande e manter Inácio. Debast chega como um construtor de excelência e tem perfil para cobrir a subida do ala.
Zeno Debast esteve no Mundial e, aos 19 anos, há poucos centrais neste nível. É mais inteligente do que agressivo, o que leva a pensar se fará carreira atrás. Com bola, fora de série em tudo o que faz e nota-se que tem formação de médio. O estado do Anderlecht convida a investir.
Se isto significar o fim do Mundial para Nuno Mendes, vai fazer muita falta (mudança de velocidade para chegar desde trás, passes de fora para dentro...). Não havia super necessidade de arriscar à segunda jornada do grupo.
Já se viu tudo no futebol? Não se viu tudo no futebol. Schmidt teve outra grande resposta da segunda linha. Musa marcou, Henrique Araújo também, Chiquinho acrescentou bastante. João Mário e Rafa estão num momento difícil de igualar. Bah tem recursos ofensivos de topo.
Gyökeres anulou directamente a inferioridade numérica do Sporting. Antes disso, combateu a diferença pela energia inesgotável nas desmarcações, a ganhar faltas e a apoiar defensivamente - recuperação no remate perigoso de Geny Catamo. Agarrou a equipa e contagiou as bancadas.
Que coisa absolutamente histórica. A Espanha estava com imensas dificuldades no jogo, mas Lamine Yamal não sente a pressão. Isto é agarrar uma equipa e com estilo.
Falou-se de Rúben Neves durante anos e anos como se fosse o renascimento de Pirlo, Xabi Alonso e Gerrard juntos. Um escândalo não estar no Barça, no Man City ou num clube de topo qualquer. Andava tudo a dormir. Ou então, sendo um bom médio, faltam-lhe coisas para esse patamar.
Vasco Sousa virou o jogo ao contrário. Que maneira de se mostrar a Vítor Bruno. A forma como sai da pressão é chave no golo de Iván Jaime (outro com impacto positivo, a partir do banco, pedindo protagonismo). Kovacevic teve todo o tempo para fazer melhor. Não transmite segurança.
O primeiro médio foi Jean Lucas. Acabar com Hjulmand é outra coisa. Entra no perfil que Amorim tem privilegiado à frente da defesa, como recuperador, mas sendo fiável com a bola nos pés. A preferência do Sporting vai passando por comprar pouco e bem, num registo raro em Alvalade.
No futsal ou no futebol, esconder a intenção até ao final e esperar o timing certo para enganar o adversário é marca distintiva dos craques. Zicky nem olhou para a baliza.
Ok, Sancho não joga na Premier League, mas não ter um único minuto num Euro em que a Inglaterra está com brutais dificuldades na criação e segue 0-0 com a Escócia é daquelas coisas que só Southgate pode explicar. No 1x1, nas mudanças de direcção/velocidade... não há outro igual.
Klopp diz que vai sair do Liverpool por estar sem energia. Quer descansar, viver a vida, o que for. Acrescenta até que não sabe se voltará a treinar. “Ah e tal, o Barcelona isto, o Bayern aquilo, a selecção até dá”. Uma mensagem tão simples e tão humana não chegou ao destino.
Que convocatória tão questionável. Veremos onde nos leva a ideia tão rígida de grupo que tem Martínez. É óptimo o regresso de Neto, mas as ausências de nomes como Matheus Nunes (pela diferença) e Pedro Gonçalves pesam. Qualquer ausência entre Conceição e Trincão seria injusta.
Já entusiasma a possibilidade de comentar a Premier League, mas isso não me impede de reconhecer a qualidade no comentário do Luís Catarino. Nem sempre há espaço/vontade para elogiarmos o trabalho de outros. Não se prepara de um dia para o outro, preparou-se durante anos.