Aisha, tem 5 anos. Ela é fomotinho de Ọyá, iniciada no barco das cinco crianças e filha da primeira Oṣùn da minha casa, Marta. A mãe dela foi chamada na escola porque Kerida, como a chamamos, disse à professora que não ia rezar, porque o pai dela era Oxalá e eu!+
Um dia, uma filha de santo me chamou para uma conversa e disse: pai, está bem difícil ser quem eu não sou. Vou começar minha transição”. Levei uma fração de segundos para processar aquela informação e respondido: “Respeitado seja sua Ori”.+
Se na sua vez, nunca dá, nunca podem, não conseguem chegar, não têm como ajudar ou é muito longe, sinto te informar, mas, o amigo é só você! Não permita que continuem te roubando. Bom dia!
Me causa profunda tristeza estes vídeos de casas de umbanda que aboliram o uso de atabaques e adotaram violão, bateria e chocalhos. O apagamento das raiz afro-indígena veio forte. São essas casas que fortalecem o discurso de que orixá não tem cor…
Trabalho com o Sr. Marabô desde 1995, ou seja, desde os meus quinze anos de idade. Suas primeiras manifestações aconteceram no terreiro de umbanda, onde desenvolvi minha mediunidade. Isso antecedeu à minha ida para o candomblé.
Disse, também, que as pessoas que vivem falando de Deus, batem e tacam fogo na gente, porque a gente é macumbeiro. Orientei a mãe dela a conversar e explicar que é preciso ponderar, mas, o coração ficou cheio de orgulho. Não vou mentir.😂
Psicólogo de pobre é pai-de-santo. Eu cresci ouvindo essa frase que me soa um tanto pejorativa, pois, sacerdote não é profissional de saúde mental, à menos que tenha formação para isso. Mas, essa frase guarda uma verdade que qualquer pai/mãe-de-santo percebe:+
Muita gente torce o nariz para as pessoas trans dentro das casas de axé, arrotando uma pretensa tradição. Tradição essa que abomina pessoas trans, mas acolhe o abusador, o que bate na mulher, o pedófilo, o que enche o nariz de pó e vai tocar para orixá.
Não acredito na falácia cristã de que o sofrimento nos faz melhores. Èsú nos ensina que iwá pẹ̀lẹ́ (o bom caráter) e as boas trocas são as chaves para uma vida em equilíbrio e abundância. Nada de romantizar e glamourizar o sofrimento.
Não romantizo o uso de roupas brancas às sextas-feiras. Entendo que é difícil lavar, que dirá manter limpa durante o dia de trabalho. Ensino os meus: se não pode usar tudo branco, pelo menos uma camisa/camiseta e EVITE o uso de roupas pretas/vermelhas. Só!
“É menino”, respondi. Gustavo respondeu “tá bom”, virou as costas e foi brincar. Achei que encontraria resistência na família, sobretudo entre os mais velhos, mas, acredito que a forma leve e tranquila que conduzi a questão foi fundamental para que meu filho se sentisse acolhido.
Já me antecipei, pedindo desculpas se o tratasse no gênero feminino por algum tempo. Era força do hábito. A Egbé Òsógiyan transicionou junto com ele. Gustavo de Òsógiyan, à época com 7 anos, um dia chegou pra mim e perguntou: Pai, o tio Renato é menino ou menina?”+
Receitinha de ano novo que aprendi com Marabô: veja tudo, ouça tudo e fale muito pouco. Sempre funcionou, afinal, quem fala muito, dá bom dia a cavalo.
O muro nunca me pertenceu. Preto, pobre, favelado, gay e professor. É muita minoria numa única pessoa e ficar em cima do muro é a certeza de apanhar dos dois lados. Vem com a titia!
Com Ògún aprendi que a impulsividade não é boa conselheira. Que tenhamos mais controle sobre nossas palavras e ações, afinal, guerra sem objetivo é uma guerra que perdemos pra nós mesmos. Ógùn ye mo ye!
Seja como Oxóssi: espreite seus objetivos, elabore sua estratégia e, só então, lance sua flecha de forma certeira. O bom caçador pisa nas folhas, sem fazer barulho.
O candomblé que acredito e pratico sempre foi marginal é sempre acolheu todos os que o procuraram: bandidos, prostitutas, os LGBT+, ou seja, todos os que a sociedade empurrava para a margem, sempre foram muito bem recebidos nas casas de axé.
O candomblé não é uma religião cristã (em sua filosofia e teologia)! Embora historicamente não há como desconsiderar a influência cristã imposta aos escravizados, que eram obrigados a professar a fé dos seus senhores, sob a força da chibata,+
Não gaste seu axé tentando explicar algo para quem não está disposto a entender. Saliva é um ẹ̀jẹ̀ sagrado e não deve ser desperdiçada com quem não vale a pena. Se poupe!
Cuidado com pessoas que transitam bem por todos os ambientes, que parecem ser amigos de todo mundo e não têm desafetos. Geralmente são elas que semeiam o ejó e promovem o ajé, silenciosamente. Quem quer ser amigo de todo mundo, no fundo, não é amigo de ninguém. Xerô.
Essa tradição torta não é invocada para pedir para voltar a descascar feijão na unha, tomar sempre banho gelado ao chegar no terreiro ou ainda abrir mão da eletricidade para ter luz elétrica ou usar eletrodomésticos.
Não entendo como alguns terreiros se tornaram sucursais de igrejas evangélicas das mais reacionárias, que julgam e condenam as pessoas por ser quem são.
Confesso que tive preocupação em como seria a condução dos rituais, medo de orixá não responder, medo do obi não alafiar. Medo que, no fim, se mostrou completamente infundado. Quando sentei Renato como babalorixá, foi com orgulho e com a certeza de que orixá nos abençoou.
Orixá nos ensina a todo momento a importância das trocas. Vejamos o exemplo de Oxóssi que para vencer o pássaro das feiticeiras, com sua única flecha disponível, sua mãe foi entregar um ebó que tirou a magia do pássaro fazendo com que a flecha acertasse o alvo.
De nada adianta gritar atotô durante o mês de agosto se não silenciarmos nossa maldade, as fofocas, o ẹjọ́, a inveja e os barulhos externos. A melhor oferenda para Omolu/Obaluayé é o coração leve.
A discussão biologizante se torna descartável para quem acredita que Ori é nosso orixá primordial e soberano. Ou, a soberania de Ori só vale conforme nossas conveniências?
Há um provérbio iorubá que diz o seguinte "Èsò, èsò, Ni ìgbín mà ngun igi o”. (Devagar, devagar. É assim que o caramujo sobe na árvore).
Pressa pra quê?
Bom dia!
Me afasto das pessoas, não pra que sintam minha falta, mas, porque extrapolei todos os meus limites para manter uma relação que, aparentemente, só eu queria. Tudo o que nos dói, não deve existir. Se não há preocupação do outro em cuidar de você, ele não te respeita. Vá embora.
Diante do desprezo e da soberba dos demais orixás, Omolu silenciou e seguiu observando a festa até que, convidado a dançar por Ọyá, pôde dar a resposta que os outros mereciam: apenas brilhou e revelou sua beleza escondida embaixo das palhas.+
Há um ditado no candomblé que nos ensina: Ajé que Ori cria, ebó não tira. Muito cuidado em como tem alimentado sua Ori. Se permita expandir e negue o apequenamento. Bom dia!
Ọyá nos ensina que o melhor é sempre encontrar o equilíbrio: ora búfalo, ora borboleta; ora furacão, ora brisa leve. Não queira justificar sua falta de educação, dizendo que é influência da orixá. Afinal, o defeito é sempre de Ori. Bom dia!
Não desagrade sua Ori tentando agradar as pessoas a todo momento. Poucos fariam o mesmo por você. Aliás, há uma receita prática para se tornar um monstro: você pode ter dito um milhão de “sim”; basta dizer um não e se tornará a pior pessoa. Bom dia!
A Umbanda e o Candomblé, por serem religiões marginalizadas, sempre foram o berço que acolheu a tudo o que a sociedade branca, hétero e cristã normativa rejeitou. Era comum ouvir história de bandidos protegidos pelas entidades espirituais, como Exus, pombagiras, caboclos...+
Em 2024, foque em amizades recíprocas. Perceba se você ocupa o mesmo espaço e tem a mesma importância que oferece aos seus amigos. Caso perceba que não há reciprocidade, siga seu rumo, sem olhar para trás. Bom dia!
Entendam: orixá não precisa de nós pra nada. Nós é quem precisamos dele. Então, cuidado com o discurso de que orixá está te cobrando. Soa como se orixá estivesse implorando pra ser feito na sua Ori. Antes de estarmos aqui, orixá já existia. Quando não estivermos, continuará. Xêro
O candomblé é para todo mundo, nem todo mundo é para o candomblé. Gente branca que não reconhece seus privilégios, nem se engaja na luta antirracista, quer fazer o que numa religião AFRO-brasileira? Eu até tenho filhos brancos, mas...
Hoje estou muito emocionado. Essa das fotos é minha tia Marlene, irmã da minha mãe.
O sonho da vida dela era se iniciar para orixá, mas, como sempre precisou trabalhar para sustentar a família, só conseguiu realizar aos 60 anos de idade.+
Pai ou Mãe de Santo que apoia alguém declaradamente racista, machista, misógino, que desmata e apóia a invasão de terras indígenas deveria ter vergonha na cara e fechar sua casa.
Ori autossabotador é aquele que trabalha constantemente contra sua felicidade, sua abundância e sua expansão. Cuide de Ori, pois, ele é o único que sabe exatamente onde te atingir para que sua batalha seja perdida. Bom dia!
Bora entender uma coisa, mo povo: o jogo-de-búzios é uma forma que nós, de candomblé, utilizamos para nos comunicar com os òrìṣà. Por que está dizendo isso, bàbá? Por que tem gente que confunde e acha que o oráculo é um método de ADIVINHAÇÃO. +
Atente-se com quem tem compartilhado seu axé. Axé, se não é trocado, é desperdiçado e, geralmente, com pessoas que estão pouco, ou nada disponíveis a estabelecer relações de trocas justas. Èṣù sempre dá um jeito de nos avisar. Ouça-o!
Evite dar demasiadas satisfações sobre sua vida e seus planos para as pessoas. A real é que pouquíssima gente do nosso ciclo vibra realmente por nós. Inclusive familiares. Trabalhe em silêncio e mantenha os ajogun longe de vocês. Bom dia!
Èṣù nos ensina que a prisão mais difícil de sair é a das expectativas que criamos sobre situações ou pessoas. Em casa de axé os ajogum não fazem morada!
Fomos ensinados que é fraqueza voltar, retroceder. Mas, nos esquecemos que o centro da encruzilhada é nosso lugar de origem e a encruzilhada representa múltiplas possibilidades de caminhos. Não tenha medo. Volte à encruzilhada tantas vezes forem necessárias.
Não reclame da falta de sorte se você não se preocupa com a organização da sua casa. Lugar bagunçado e sujo, dificilmente atrairá coisas boas. Organize-se internamente, cuide de Ori, tome banho de folhas e faça Ebós, mas, não esqueça de cuidar do lugar onde repousa. Bom dia!
Cuidem de Ori. Se façam carinhos. Se priorizem. Aprendam a pôr limites e a dizer não. Entendam que nenhuma relação que não seja baseada em trocas efetivas é boa pra gente. Nenhuma! Bom dia!!!
O itan de Ọbá nos ensina que não devemos confiar cegamente em ninguém. Por amor à Sàngọ́, ela acreditou que Oṣùn era sua amiga e lhe pediu o segredo para conquistar Sàngọ́. Só esqueceu que, no amor, Oṣùn era sua rival. O final todos sabemos.
Como diz Sr. Marabô, entidade boa não é aquela que bebe uma garrafa de cachaça mas sim aquela que não deixa o filho passar fome. Se a entidade não trabalha para o próprio filho, como pode ajudar outras pessoas?!
Ori autossabotador é aquele que trabalha constantemente contra sua felicidade, sua abundância e sua expansão. Cuide de Ori, pois, ele é o único que sabe exatamente onde te atingir para que sua batalha seja perdida. Bom dia!
O abebê é um convite que Oṣùn nos faz ao auto-amor, ao auto-cuidado. Se engana quem acha que Oṣùn é fútil e vive a se mirar no espelho: ele também é usado como arma para cegar seus inimigos! Ora yeye o!
Marabô canta uma cantiga que diz: “pisei na pá pra fazer dendê. Se pai de santo apanha, quem dirá você?”. Isso me remete a uma experiência que tive quando desobedeci às suas orientações.+
Nem todo mundo precisa se iniciar no candomblé. A lógica de criar a dificuldade para vender a facilidade não é africana. Já vi um bori resolver muita coisa. Se liga, hein!
Èsú Ọlọ́já, o dono do mercado, nos ensina que a banca tem dois lados. Quem vem até você e nada tem para trocar, está te roubando. Portanto, não aceite nada nada a menos do que aquilo que você oferece para o outro. Èṣù nos dê uma boa semana!
No candomblé não existe a figura do diabo para que joguemos nele a culpa das nossas más escolhas. Uma boa Ori (cabeça) e iwá pẹ̀lẹ́ (bom caráter) são valores nagô fundamentais na relação do indivíduo com o universo.
Jamais negligencie sua intuição. Geralmente é o sagrado te alertando de coisas que você precisa prestar mais atenção. Dificilmente dá errado. Intuição é o sagrado falando intimamente conosco. Bom dia!
Silêncio e paciência foi o que usou o grande orixá Oxalá para percorrer os quatro cantos do mundo. Aprendemos com ele a silenciar para barulhos externos e a ter paciência para que o que for nosso chegue até nós no tempo certo. Ẹ̀pá Bàbá! Bom dia.
"Será que uma criança está pronta para assumir essa responsabilidade?"
"E o direito de escolha dela?"
"Eu não concordo com a iniciação de uma criança no candomblé. Acho tão pesado..."
Quem de candomblé nunca ouviu uma, mais de uma ou todas estas frases acima? +