clarice lispector bot
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tuitando excertos de clarice. | @morteemveneza
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💌 Carta de Clarice para seu filho, Paulo Gurgel Valente. Rio, 25 de janeiro de 1969.
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Ser gente me cansa. E tenho raiva de sentir tanto amor. Há dias que vivo de raiva de viver.
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Ser gente me cansa. E tenho raiva de sentir tanto amor. Há dias que vivo de raiva de viver.
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Sou uma pessoa insegura, indecisa, sem rumo na vida, sem leme para me guiar: na verdade não sei o que fazer comigo. Sou uma pessoa muito medrosa. Tenho problemas reais gravíssimos que depois lhe contarei. Você me quer como amiga mesmo assim?
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Ser gente me cansa. E tenho raiva de sentir tanto amor. Há dias que vivo de raiva de viver.
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💌 Trecho de uma carta de Clarice para seu namorado Maury / a resposta dele.
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Tenho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco sem saída.
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Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando.
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Eu sou horrivelmente difícil de se viver com. Mas não é por culpa minha, acredite. Eu bem que me controlo, mas sou tão sensível.
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Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu.
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Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
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💌 Mais um trecho de uma carta romântica, porém dessa vez de Maury para Clarice, sua namorada.
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Meu desejo mais obscuro era dar minha cabeça para alguém dirigir; que alguém me dissesse todos os dias: hoje faça isso, hoje corte isso, hoje aperfeiçoe isso, isto está bom, isto está ruim. Uma pessoa que quisesse “tomar minha direção”.
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Ser gente me cansa. E tenho raiva de sentir tanto amor. Há dias que vivo de raiva de viver.
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Não quero mais gostar de ninguém porque dói. Não suporto mais nenhuma morte de ninguém que me é caro. Meu mundo é feito de pessoas que são as minhas – e eu não posso perdê-las sem me perder.
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— É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar.
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Ter este sentimento, de cansar os outros, com muita frequência ou com muita intensidade, já é neurótico... E eu sei disso: sou mestra...
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É de noite e eu estou viva. Estar viva está me matando aos poucos.
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Meu amor, no meio de tudo, tua existência me abençoa.
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Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.
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Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.
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Viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir — viver é incômodo.
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Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar tão docemente.
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Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?
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Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.
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A hora da estrela, Clarice Lispector / A redoma de vidro, Sylvia Plath
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De onde vêm os ecos de domingo? Eu que detesto domingo por ser oco.
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Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
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Estava meio calada. Perguntou-me se eu estava triste. Respondi-lhe que eu era isso.
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Por que não? Por que não tentar amar? Por que não tentar viver?
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Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
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Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
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Não, não quero mais gostar de ninguém porque dói. Não suporto mais nenhuma morte de ninguém que me é caro. Meu mundo é feito de pessoas que são as minhas – e eu não posso perdê-las sem me perder.
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Meu desejo mais obscuro era dar minha cabeça para alguém dirigir; que alguém me dissesse todos os dias: hoje faça isso, hoje corte isso, hoje aperfeiçoe isso, isto está bom, isto está ruim. Uma pessoa que quisesse “tomar minha direção” seria bem-vinda...
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Eu, que simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição.
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Eu imploro que você não encurte a vida. Viva. Viva. É difícil, é duro, mas viva. Eu também estou vivendo.
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O que sinto não é traduzível. Eu me expresso melhor pelo silêncio.
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O que é ela? ela é as ondas do mar. Enquanto eu sou floresta espessa e sombria.
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Sou uma pessoa insegura, indecisa, sem rumo na vida, sem leme para me guiar: na verdade não sei o que fazer comigo. Sou uma pessoa muito medrosa. Tenho problemas reais gravíssimos que depois lhe contarei. Você me quer como amiga mesmo assim?
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Não estou aguentando viver. A vida é tão curta, e eu não estou aguentando viver.
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Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
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Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando.
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Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma.
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De onde vêm os ecos de domingo? Eu que detesto domingo por ser oco.
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Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
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decifra-me, meu amor, ou serei obrigada a devorar
outro lispector bot que apareceu na tl a gente vai se beijar ou duelar?
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Eu, que simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição.
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Eu sou horrivelmente difícil de se viver com. Mas não é por culpa minha, acredite. Eu bem que me controlo, mas sou tão sensível.
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É de noite e eu estou viva. Estar viva está me matando aos poucos.
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O que é ela? ela é as ondas do mar. Enquanto eu sou floresta espessa e sombria.
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Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar tão docemente.
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Eu sou horrivelmente difícil de se viver com. Mas não é por culpa minha, acredite. Eu bem que me controlo, mas sou tão sensível.
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Não, não quero mais gostar de ninguém porque dói. Não suporto mais nenhuma morte de ninguém que me é caro. Meu mundo é feito de pessoas que são as minhas – e eu não posso perdê-las sem me perder.
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Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
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Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
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— É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar.
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Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir — viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
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Eu não tinha bebido, eu não chorava, eu não brilhava. Estava meio calada. Perguntou-me se eu estava triste. Respondi-lhe que eu era isso.
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Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir — viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
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Estou melancólica. É de manhã. Mas conheço o segredo das manhãs puras. E descanso na melancolia.
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Eu imploro que você não encurte a vida. Viva. Viva. É difícil, é duro, mas viva. Eu também estou vivendo. 🎗️
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Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.
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Tenho que começar por aceitar-me e não sentir o horror punitivo.
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Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir — viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
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Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente.
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Meu amor, no meio de tudo, tua existência me abençoa.
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Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito. E também me dói quando percebo que feri. Mas tantos defeitos tenho...
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Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
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Caótica. Intensa. Inteiramente fora da realidade da vida.
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Meu amor, no meio de tudo, tua existência me abençoa.
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Estou cansada de pessoas e sozinha me aborreço. Eu mesma não sei o que quero.
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Queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.
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Meu amor, no meio de tudo, tua existência me abençoa.
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Eu mal entrei em mim e assustada já quero sair.
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Amar nunca impediu que por dentro eu chorasse lágrimas de sangue.
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Caótica. Intensa. Inteiramente fora da realidade da vida.
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Sinto que viver é inevitável. Posso na primavera ficar horas sentada, apenas sendo. Ser às vezes sangra. Mas não há como não sangrar pois é no sangue que sinto a primavera. Dói. A primavera me dá coisas. Dá do que viver.
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Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida.
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Eu imploro que você não encurte a vida. Viva. Viva. É difícil, é duro, mas viva. Eu também estou vivendo.
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Ela era calada (por não ter o que dizer) mas gostava de ruídos. Eram vida.
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Às vezes, melancolia sem causa escurecia-me o rosto, uma saudade morna e incompreensível de épocas nunca vividas me habitava.
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Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho.
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Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar.
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Sinto que viver é inevitável. Posso na primavera ficar horas sentada, apenas sendo. Ser às vezes sangra. Mas não há como não sangrar pois é no sangue que sinto a primavera. Dói. A primavera me dá coisas. Dá do que viver.
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Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa.
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Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate.
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— Eu me doo o tempo todo.
— Aonde?
— Dentro, não sei explicar.
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Sou doente da condição humana. Eu me revolto: não quero mais ser gente.
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Nada de novo. Tenho lido muito mal e pouco, como quase sempre, com a diferença, em relação aos totalmente ignorantes, que sei o que perco.
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Sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.
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Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
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De onde vêm os ecos de domingo? Eu que detesto domingo por ser oco.
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