Thomás Zicman, doutor em ciência política pela Sciences Po, fala sobre o futuro político na França, divida em três blocos — nenhum dos três conseguiu maioria absoluta para governar.
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O que mais me incomoda na
@GabrielaPrioli
é a famigerada frase com que ela começa todos os seus vídeos: "mais razão, menos emoção". Há anos especialistas em ciência política e psicanálise discutem como essa divisão entre razão e emoção não se sustenta. E é perigosa.
Hoje um francês me disse se incomodar com o museu da Baía dos Porcos, em Cuba, que teria um tom muito propagandístico.
Perguntei se ele já havia ido aos Invalides, em Paris, onde se diz que a França ganhou a Segunda Guerra, sendo que na verdade ela perdeu o conflito duas vezes.
Obviamente o jornal cortou a parte em que eu digo que Lula e Bolsonaro não são equivalentes. Repeti diversas vezes que o populismo de Bolsonaro é excludente e anti-democrático, e que o de Lula constrói um "povo" inclusivo e democrático. Mas tudo bem.
Como eu disse quando começou a articulação com Alckmin: Lula poderia colocar o General Heleno de vice que nossa elite e seus colunistas ainda iriam pintar ele como um perigoso bolchevique. Não conseguem aceitar que Lula é o político mais moderado do Brasil (pro bem e pro mal).
POR QUE MACRON DISSOLVEU A ASSEMBLEIA NACIONAL?
A decisão de dissolver o parlamento pegou muitos de surpresa. O cálculo é arriscado, mas tem a sua lógica. E sua estratégia se baseia menos na oposição à extrema-direita, e mais na desunião da esquerda.
Explico.
Recebo a notícia que uma pesquisadora brasileira, com mais de trinta mil citações segundo o Google Scholar, foi preterida em um evento na Europa em favor de uma europeia com apenas mil citações. A justificativa era que a brasileira não tinha "notoriedade internacional".
A 🇪🇺 rejeitou a ideia de um acesso rápido da 🇺🇦 ao bloco. Óbvio. Mas isso mostra duas coisas:
1. Que as promessas europeias na origem dos protestos de 2014 e da divisão do país eram mesmo conversa pra boi dormir;
2. Que a Ucrânia está muito longe de ser a democracia que dizem.
Em 2009, Bolsonaro disse para a família de Rubens Paiva que "quem procura osso é cachorro", e cuspiu na estátua do ex-deputado desaparecido e morto pela ditadura.
Como as pessoas demoraram tanto tempo para ficarem chocadas? Só descobriram agora a figura que botaram no poder?
Sociologia do voto na França. O eleitor típico da extrema-direita é de meia-idade, não completou os estudos, vive em pequenas cidades e tem dificuldades em fechar o mês. O macronista é idoso e com dinheiro. O da esquerda é jovem, urbano e educado (mas não necessariamente rico).
Qualquer discurso, por mais "técnico" que seja, envolve emoção. A questão é decidir quais discursos serão descritos como "emotivos". Como a querida
@dr_eklundh
diz em "Excluding Emotions", quase sempre que se fala em emoção, o objetivo é excluir alguém.
Como
@dr_eklundh
diz, a separação entre razão e emoção frequentemente serve para silenciar mulheres, negros e jovens. E para atacar "populistas" e qualquer tipo de política contestatória de massas, é claro. São todos "histéricos".
Fica a lição: nenhum autoritário "outsider" de extrema-direita chega ao poder sem a cumplicidade das elites conservadoras tradicionais que o normalizam. Por cálculo oportunista, apoiam o extremista acreditando que serão capazes de controlar o bufão. Nunca deu certo.
Não sei quem inventou que a França ganhou a Segunda Guerra Mundial. A França perdeu a guerra duas vezes. Lutou contra os alemães e perdeu, e depois lutou ao lado dos alemães e perdeu de novo. Mais tropas francesas lutaram ao lado do eixo do que dos aliados.
Há barreiras (inclusive linguísticas) à internacionalização da produção intelectual brasileira, mas a academia nos Estados Unidos e na Europa (mesmo nas margens da Europa) também é um "petit comité" fechado aos países periféricos.
Claro que as emoções podem tanto ser canalizadas para a emancipação da humanidade quanto para a sua submissão, mas querer se desfazer da emoção não vai libertar ninguém, só preservar estruturas de dominação que se pretendem "racionais".
Claro que tudo isso não muda o mérito das tropas da França Livre e, sobretudo, dos combatentes da Resistência, que lutaram às sombras contra a ocupação nazista e o regime títere de Vichy.
Na verdade todos sabemos que o discurso de que a França ganhou a guerra, com a entrada de De Gaulle em Paris, foi uma "mise en scène" americana e britânica para angariar apoio do povo francês aos aliados, e posteriormente para dar mais peso a eles no Conselho de Segurança da ONU.
Quem também tem dito que razão e emoção não se separam é o
@gaiofact
, num trabalho louvável. E não precisa ser marxista para entender isso. Weber já mostrou como a racionalização no capitalismo é fruto da secularização do ascetismo cristão, permeado pela emoção da culpa.
Curiosidade histórica: apesar de só ter se tornado independente em 1991, a Ucrânia (junto com Belarus) foi um membro fundador da ONU em 1945. Como isso foi possível?
Rápido fio sobre essa história. 🧵
Ontem conversei com um talentoso jornalista brasileiro sobre os protestos na França após o assassinato do jovem Nahel pela polícia. Ele ficou chocado ao descobrir que, apesar do racismo na sociedade francesa (ou talvez por causa dele), é proibido recolher dados raciais no país.
No último mês, Macron tomou uma série de atitudes que em outros contextos a ciência política mainstream não hesitaria em chamar de "constitutional hardball". Medidas na brecha da legalidade que esgarçam a vida democrática. Vou listá-las abaixo.
Esse vídeo me fez pesquisar a biografia do
@OmarAzizSenador
. Dava um filme! Envolve fuga da família da Palestina, saída do Brasil depois do golpe de 1964, sobreviver a terremoto no Peru, militância no PCdoB, apoio à OLP, perseguição pelo SNI. E tudo isso pra terminar no PFL.
Agradeço ao
@guilherme_amado
pela divulgação do livro, mas preciso esclarecer: absolutamente nada aproxima Lula e Bolsonaro! Como ele diz no fim da nota, o livro é exatamente uma crítica a quem usa a palavra "populismo" para fazer falsas simetrias.
Álvaro Dias entrou na política em 1969. Ou seja, cinquenta anos atrás. Hoje, enche a boca para falar em nome da "nova política". Nada me dá mais enjoo do que o discurso de "nova política".
@FelipeBetim
@jpsateles
Agora que o El País Brasil fechou, posso ser absolutamente sincero: nunca entendi como o jornal podia ser próximo da esquerda no Brasil, mas ter uma linha claramente conservadora na Espanha. As reportagens de América traduzidas pro português eram de um colonialismo de doer.
O discurso pusilânime de mau perdedor do Bolsonaro tá cheio de dog whistle pros seus apoiadores extremistas. Ele vai sair, mas sugeriu que as eleições foram uma tramóia. A novilingua bolsonarista é cheia de ambiguidades propositais.
Veja a que ponto chega a falsa equivalência: comparar o regime supremacista branco do apartheid, apoiado por "democratas" como Thatcher e Reagan, com um país que por pura solidariedade se engajou militarmente contra o apartheid, e cujo líder Mandela considerava um grande amigo.
Imagine o quão ridículo alguém soaria se, ao ouvir uma crítica à África do Sul afrikaaner, respondesse que só aceitaria debater os problemas humanitários do país depois do fim do embargo que os EUA impunham contra eles. Daria vergonha alheia, é? Pois é…
A grande alegria do fim do dia foi esse comentário super-gentil do
@reinaldoazevedo
sobre meu livro! Muito obrigado! E grande abraço ao
@alebentivoglio
também!
No
@lemondefr
: "A 🇺🇦 não responde aos critérios demandados de um país que deseja integrar a 🇪🇺, seja em termos de nível de vida, de instituições ou de democracia".
Lembrando: em 2014, o presidente Viktor Yanukovich suspendeu um acordo de associação entre 🇺🇦 e 🇪🇺, vendido como promessa de entrada no bloco. Isso levou à série de protestos chamada Euromaidan, à queda do governo, à chegada de ultra-nacionalistas ao poder e à guerra no Donbass.
@Super_FOG
@felipeneto
@Renner91165972
Claro que foi o clima. Os oito milhões de soldados soviéticos mortos, e aqueles que lutaram em Leningrado e Stalingrado deviam ter ficado em casa, já que o clima se encarrega de derrotar os nazistas.
Sua fala é de um desrespeito atroz a quem deu a vida contra a sanha hitlerista.
À esquerda, o resultado das eleições europeias do mês passado. À direita, o resultado das legislativas de ontem. O que mudou? Houve mobilização do eleitorado, mas sobretudo a união da esquerda (dividida nas europeias) e o acordo entre esquerda e centro contra extrema-direita.
Um querido professor me disse uma vez que o partido de esquerda que apresentasse como programa político a simples implementação de tudo o que está previsto na Constituição Federal de 1988 seria o mais radical do país.
Estava certíssimo, infelizmente.
A ascenção de Gabriel Attal ao cargo de primeiro-ministro aos 34 anos prova que a sociologia das elites de Bourdieu segue sempre atual. Seu destino foi traçado quando seus pais o matricularam ainda criança na École Alsacienne, estabelecimento privado de elite em Paris.
Minha entrevista de hoje para o Estadão, sobre populismo, democracia e desamparo. Como a versão online está fechada para assinantes, coloco uma foto que me enviaram da versão impressa. Espero que dê para ler.
Uma coisa que eu não entendo: se os "hackers" invadiram o celular do Moro, por que o Intercept só divulga mensagens do celular do Dellagnol?
Se o telefone do Moro (e outros) foi mesmo invadido, esse material não veio a público. E o Intercept parece não ter nada a ver com isso.
Michel Gherman pode deixar alguns confusos. Sim, Herzl pensou um sionismo colonizador, condenável. Mas há inúmeros sionismos – como o Brit Shalom, de Scholem e Einstein, por um Estado binacional. No fim, quem mais ganha com associar sionismo e colonialismo é... a extrema-direita.
1- sou judeu e sionista
2-considero o hamas um grupo terrorista
3- é possível ser a favor da causa palestina e contra o hamas
4- é possível ser sionista, a favor de israel e contra a ocupação.
5- é preciso ser sionista e chorar mortos palestinos e israelenses
6-má interpretação
Em 2022, pela primeira vez em décadas, a esquerda de apresentou unida nas eleições legislativas. Isso produziu grandes vitórias. O bloco de esquerda (NUPES) empatou em primeiro lugar no 1º turno e terminou como a segunda força na Assembleia Nacional, com 133 deputados.
Se a união de esquerda estava frágil em 2022, com os ataques do Hamas em outubro de 2023 e o genocídio em Gaza, ela virou pó. Os setores centristas da esquerda acusaram os radicais de antissemitismo, e Mélenchon acusou os centristas de traição do programa comum.
@Xandyxbitch
@GabrielaPrioli
São dimensões inseparáveis, e tentar separá-las serve pra silenciar grupos subalternos. No fim, todos os que discordam só argumentam "com o fígado" e têm opiniões diferentes por serem "irracionais". As emoções que permeiam a fala da própria Gabriela, é claro, ela não discute.
Alguns absurdos do projeto que os deputados de Macron negociaram com a extrema-direita: (1) fim do direito de solo, (2) facilitação de expulsão de imigrantes, (3) limitação de programas sociais a estrangeiros, (4) cheque caução que força estudante estrangeiro a voltar a seu país.
O boato que circula com força é que a esquerda indicaria
@HuguetteBello
(PCF) para o posto de primeira-ministra da França. Bello é da ilha da Reunião (por coincidência onde estou nesse momento) e preside da região. Seria a primeira vez que um francês do ultramar assume a função.
Concluí que estou em um relacionamento abusivo com a minha tese de doutorado. Ela não me deixa sair com meus amigos. Ela me faz sentir culpado e me chama de burro o tempo todo. Pra completar, diz que eu não serei nada na vida se largá-la. Mas não consigo deixar de amá-la.
Regina Duarte está entre as figuras com menos tato e noção do ridículo da política nacional. Mesmo quando esteve do lado "certo" da história, foi insensata (para dizer o mínimo). Abaixo relembro alguns episódios desse ícone da falta de noção.
Desde então, a união se desagregou. A aliança era hegemonizada pela esquerda radical de Mélenchon (LFI). Mélenchon é uma figura divisiva, mas sobretudo setores do Partido Socialista e do PCF eram contra a união porque não aceitavam estarem a reboque dos radicais.
Leio de vários colegas progressistas que Brizola jamais teria deixado Tabata Amaral entrar no PDT. Com todo respeito ao velho Leonel, ele tinha dedo podre para recrutar políticos. Já pro fim da vida, foi ele que trouxe Anthony Garotinho e Paulinho da Força para o partido.
Como economista, lamento que não se ensine mais sobre política aos economistas. A transformação da "Political Economy" de que falavam os clássicos em "Economics" produziu uma perigosa geração de encantados pelo discurso da técnica.
Sempre que vejo o Aécio Neves falando mal de Lula, lembro dessa entrevista dele em 2010. Na época, ele era considerado o mais petista dos tucanos. Entre 2007 e 2008, Aécio cogitou migrar para um partido da base lulista para ser seu sucessor. Outros tempos.
Com a presença de um candidato que questiona a própria democracia com força na eleição, nunca foram tão verdadeiras as palavras da maior oradora do país:
"Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder".
Sob o argumento de que o Estado não pode discriminar os cidadãos e em nome de um pretenso "universalismo republicano", a França tornou ilegal qualquer tipo de política de ação afirmativa de cunho antirracista. O país está queimando, mas o tema segue tabu.
Em 2012, eu trabalhava no mercado financeiro e o desemprego era o mais baixo da história. Lembro de colegas indignados. "O desemprego tem que subir pra evitar inflação", diziam. Para esse pessoal, o desemprego é um número na tela do computador. E nunca são eles os demitidos, né?
E o que isso tem a ver com a dissolução da Assembleia Nacional?A aposta de Macron é que, realizando eleições em apenas 3 semanas, a esquerda será incapaz de se unir depois de uma campanha tão divisiva. E, se for unida, não convencerá o eleitorado, não terá o "momentum" de 2022.
Essa fragmentação se refletiu nas eleições europeias. O PS lançou o moderadíssimo Raphaël Glucksmann, profundamente hostil à esquerda radical. E ele conseguiu 14% dos votos nas europeias (mesmo resultado dos Verdes em 2019), contra 10% da esquerda radical (que tivera 6% em 2019).
Queria dar os parabéns ao nosso especialista em logística, que confundiu AM com AP e mandou só 2 mil doses de vacina pro Amazonas e 76 mil para ao Amapá.
A extrema-direita bolsonarista hegemonizou o campo conservador brasileiro e "disciplinou" os dissidentes. Ninguém pode questionar o chefe – é morte política. A indisciplinada Joice Hasselmann é exemplo disso. O redisciplinado Moro também.
The most fun way to watch the World Cup is to support the most anti-imperialist nation. No way I would support any European selection against an African or Latin American team!
Com a esquerda dividida, o campo de Macron teria mais chances de chegar a um segundo turno nas circunscrições onde a esquerda radical venceu. Além disso, faz um aceno para centro-direita e centro-esquerda para uma coalizão pós-eleitoral.
Fato curioso sobre a eleição britânica: os trabalhistas tiveram menos votos em 2024 do que em 2019, quando eram liderados por Jeremy Corbyn e sofreram uma derrota histórica. Como podem ter ganhado hoje de lavada, então? Simples: a extrema-direita dividiu o eleitorado conservador.
Trata-se em todo caso de uma estratégia arriscada. É difícil que a extrema-direita consiga sozinha uma maioria e imponha um primeiro-ministro, mas não é impossível. A tática de divisão da esquerda também pode não dar certo, e Macron pode acabar com menos deputados do que hoje.
O cálculo político dessa virada à (extrema) direita é assustador. Assume (falsamente) que a imigração é o grande problema da França. Aceita a agenda da extrema-direita, sem perceber que isso é dar a ela a vitória, normalizá-la.
Ao longo dos anos, as representações ucraniana e bielorrussa na ONU chegaram a ocupar assentos rotativos no Conselho de Segurança, mas na prática sempre votaram alinhados com a delegação da URSS.
Mas os soviéticos tinha um outro argumento: Índia e Filipinas, que ainda eram colônias do Reino Unido e dos EUA, também tinham assento na Assembleia Geral da ONU. A solução de compromisso, portanto, foi de reconhecer apenas duas repúblicas soviéticas: Ucrânia e Belarus.
Um sinal disso é que o antigo líder do partido de Macron e atual chanceler, Stéphane Séjourné (que por acaso é ex do primeiro-ministro Attal) disse que os macronistas não vão apresentar candidatos em distritos onde os deputados atuais sejam de centro-direita ou centro-esquerda.
A parte mais triste é perceber que mesmo a esquerda dita radical, com raríssimas exceções, segue tentando tapar o sol com a peneira. Não falam de racismo e têm horror à ideia de discriminação positiva. Enquanto isso, a "banlieue" das grandes cidades francesas arde em chamas.
O fato de Ucrânia e Belarus serem membros fundadores da ONU em 1945 não significava porém que fossem Estados independentes. O que isso mostra é que, na época, a definição de Estado reconhecida pela ONU era diferente da atual.
Tenho a imensa alegria de anunciar a pré-venda do meu livro "Do que falamos quando falamos de populismo", escrito com o querido Miguel Lago e publicado pela
@cialetras
! O lançamento será no dia 15 de setembro! Mais informações em brevíssimo!
Li analistas consagrados dizendo que a extrema-direita teria sido a grande derrotada das eleições espanholas. Quem estuda a extrema-direita a fundo sabe que sua força não se mede apenas em votos, mas sobretudo na normalização de seu discurso por partidos e mídia mainstream.
O movimento busca reduzir o custo para socialistas e ecologistas de não fazer uma aliança à esquerda, pois o principal motivo para uma união das esquerdas é lançar candidatos únicos e garantir mandatos parlamentares.
Em 2012, um colega do mercado financeiro dizia: "Por mim, pode ter inflação e desemprego altos por dez anos! É preço pequeno pra tirar o PT do poder. Temos que tirar eles antes que destruam o país". Ou seja, o cara queria destruir o país para evitar que o PT destruísse o país.
Se um dia eu contasse todas as barbaridades que já ouvi enquanto trabalhava no setor financeiro, vocês ficariam enojados. Aprendi rápido que o "mercado" não é um ente racional, mas profundamente ideológico, e naquela época movido por um espírito bolsonarista avant la lettre.
Após a guerra, Stálin queria que todas as 15 repúblicas soviéticas tivessem assento na ONU. Isso daria um peso desproporcional à URSS, e os demais países rejeitaram a proposta. Roosevelt chegou a dizer que se fosse assim todos os estados dos EUA também deveriam ser representados.
Ontem, muitas lideranças na esquerda pediram uma união. Mas figuras como Glucksmann deixaram claro que não querem aliança com Mélenchon, e Mélenchon fez um discurso apontando dedos para quem "traiu" a NUPES. Descobriremos o desenlace nas próximas 48 horas, sem dúvida.
@jairmearrependi
@arrobaleatoria
Bolsonaro foi o único boneco que era escoltado pela PM, que agredia a multidão que vaiava e jogava cerveja no demônio.
Não sou de compartilhar fotos por aqui, mas ontem foi um dia especial. Depois de cinco anos e meio, me tornei doutor em Ciência Política pela
@sciencespo
!
Estudei populismo e democracia radical no movimento dos coletes amarelos. Obrigado a todos que me ajudaram nesse caminho!
Se o Vélez de fato cair na segunda e na sequência o Bolsonaro nomear um cara mega-eficaz, que conhece todos os números na ponta da língua e tem um planejamento estratégico detalhado, as críticas acabam mesmo que o novo ministro tenha as mesmas ideias erradas?
Faz mais de 30 anos que pesquisas dizem que o povo brasileiro é de direita, conservador e ordeiro. Nada de novo. O que elas não explicam é por que, salvo raríssimas exceções (FHC), a direita só chegou ao poder com base no golpe ou surfando em um bufão transgressor.
O Ipec divulgou um levantamento sobre a orientação política dos brasileiros. Em uma escala de 0 a 10, 11% disseram ser totalmente de esquerda, e 24%, totalmente de direita. Veja.
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#Est
údioi:
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Tenho certeza de que Sergio Moro, inventor de "conje" e "benções", é daqueles que criticavam um livro didático de 2011 que discutia preconceito linguístico. Diziam que "ensinava a falar errado". Moro encarna essa elite intelectualmente medíocre, mas que se acha superior à plebe.
Admito que fico feliz em ver Mélenchon confirmando abertamente a análise que fiz 3 anos atrás sobre o que parecia ser a sua estratégia: não tentar buscar votos da extrema-direita, nem de uma elite centrista, mas dos abstencionistas, em geral racializados.
Conversei com a
@NatuzaNery
sobre o avanço e normalização da extrema-direita na França! Não é fácil explicar a política francesa, mas espero ter conseguido deixar as coisas menos confusas. Gostaram?
(1) Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições p/ apenas 3 semanas depois (com uma semana p/ registrar candidatos). O código eleitoral prevê pelo menos 6 semanas para a realização de eleições, mas Macron usou uma interpretação flexível do texto constitucional.
Pode-se argumentar que essas "constitutional hardballs" são teoricamente legais, mas enfraquecem as instituições. E o Conselho Constitutional, que poderia censurá-las, já deu inúmeras provas de estar politicamente alinhado ao presidente (notadamente na reforma da previdência).
@lauraabcarvalho
Discorreu bem mal, por sinal. O ponto de Arendt sobre Eichmann nunca foi que tudo era justificável em favor de um projeto político, mas precisamente o contrário: a total despolitização de um funcionário cuja única ideologia era seguir ordens.
"Brasil sempre busca soluções ruins para problemas complexos", diz o defensor do teto de gastos, que nada mais é do que uma solução ruim para um problema complexo. Pelo menos (dessa vez) não usou a palavra "populismo".
Ensino em universidades faz sete anos. São sete anos de arejamento, de avanço no pensamento crítico, no debate franco e respeitoso. Talvez eu seja sortudo, mas acho que quem diz que a universidades está envenenada por ideologia talvez esteja um pouco fechado em suas certezas.
O lugar mais insalubre para se trabalhar hoje, por razões de envenenamento ideológico, são as universidades. Ao menor interesse contrariado, à menor reivindicação de hierarquia pedagógica, à mera indicação de bibliografia pode corresponder uma acusação de crime identitário.
(2) Derrotado, Macron aceitou a demissão de seu primeiro-ministro, mas manteve o governo interinamente. Assim, no dia seguinte, contra a lei, 17 ministros em exercício assumiram como deputados e reelegeram (por 13 votos) uma macronista como presidenta da Assembleia Nacional.
Em 2005, no auge da crise do "Mensalão", FHC disse que temia que o fim do PT desorganizasse um setor da sociedade e abrisse espaço para uma liderança populista. Mais de 15 anos depois, é triste ver que quem acabou foi o PSDB, depois de pavimentar o caminho para Bolsonaro.
Me questionaram se na fala de Séjourné o partido de Mélenchon, La France insoumise (LFI), estaria ou não dentro do "arco republicano". Boa questão. Há ambiguidades. Menos de um ano atrás, a então primeira-ministra era taxativa em colocá-los fora desse campo.
Comentário do dia: Putin não é "populista". É preciso parar de tratar populismo como sinônimo de autoritarismo. Há populismos autoritários (nem todos), mas populismo é acima de tudo um meio de mobilização popular. E Putin é o inverso disso. Sua política é de desmobilização.
(3) Depois da pressa em convocar as eleições, Macron declara que não nomeará um novo governo antes do fim de agosto, e mantém o governo demissionário sem prazo definido. Legalmente, um governo interino não pode ser alvo de moções de censura, o que mantém os macronistas no poder.
Um sinal explícito de que a estratégia é mesmo de fragmentar a esquerda: deputada macronista diz que só não apresentará adversários contra os ecologistas e os socialistas se eles se comprometerem a não fazer uma união de esquerda com os radicais da LFI.
A figura do economista que vai dizer que o programa econômico da extrema-direita é "menos ruim" do que o da esquerda é outra que não pode faltar na normalização do fascismo (e na banalização do mal). Hoje esse papel é cumprido por Olivier Blanchard. Que vergonha.
1/6. Tweet thread. Why do I think the economic program of the Nouveau Front Populaire is worse than that of the Rassemblement National?
The nature of the two programs is very different. I have argued that the RN economic program is a Christmas tree, without logic or coherence
GRANDE SURPRESA ELEITORAL
VITÓRIA DA ESQUERDA
As primeiras projeções dão a Frente Popular, a união das forças de esquerda, como principal grupo do parlamento. Os macronistas ficam em segundo e a extrema-direita fica em terceiro.
Para a turma que é contra a urna eletrônica: vejam que com cédula de papel não conseguimos impedir fraude nem numa eleição com 81 eleitores e transmitida ao vivo em rede nacional.
I have just received the great news that my article on the various uses of the concept of "empty signifier" has finally been published in the renowned
@JPolIdeologies
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